Entrevista com The Lonesome Guild – História, Variedade de Gameplay, Rejogabilidade e Muito Mais
O RPG The Lonesome Guild está chegando com a proposta de contar uma aventura heróica focada na importância do trabalho em equipe. Nele, os jogadores assumem o papel de Ghost, um espírito sem memórias, que ao longo da jornada encontra um grupo de personagens inusitados, que se unem para se tornarem verdadeiros heróis.
Conversamos com Ruben Caliandro, diretor técnico de arte do projeto, que respondeu várias perguntas sobre o desenvolvimento, a jogabilidade, o mundo do jogo e muito mais.
O mercado está cheio de RPGs de ação. O que diferencia The Lonesome Guild dos outros?
Ruben Caliandro:
O coração de The Lonesome Guild está no conceito de união. A ideia é que, somente confiando uns nos outros, os heróis conseguem superar os desafios. Nenhum deles, sozinho, é forte o suficiente para enfrentar os perigos que vêm pela frente. Mas, por meio da amizade e da cooperação, eles podem vencer qualquer obstáculo.
Esse conceito está profundamente enraizado nas mecânicas do jogo. Diferente de muitos RPGs de ação que focam nas habilidades individuais dos personagens, The Lonesome Guild gira em torno do trabalho em equipe e dos relacionamentos entre os membros do grupo. Tanto a exploração quanto os puzzles foram pensados para exigir colaboração, e os combates são construídos para refletir essa ideia: em vez de controlar apenas um herói, o jogador precisa alternar entre os personagens, garantindo que cada um use seu potencial combinado com as forças dos aliados.
O protagonista, Ghost, é bastante único. Como ele se encaixa nessa dinâmica?
Ruben:
Ghost é uma entidade etérea, então não pode interagir fisicamente com o mundo. Ele depende totalmente de seus companheiros para realizar ações como abrir portas ou lutar diretamente. Mas sua força está no vínculo com os aliados. Ghost pode se fundir com eles, aprimorando suas habilidades, fortalecendo o time e permitindo liberar um ataque supremo baseado na força da equipe.
Qual é o peso da história em The Lonesome Guild?
Ruben:
A história tem um papel central. Os jogadores são imersos no mundo de Etere, um planeta afetado por uma maldição chamada “a solidão”, que ameaça toda forma de vida. Ao mesmo tempo, acompanhamos as jornadas pessoais dos heróis — cada um lidando com sua própria solidão, seus desafios e seus desejos.
Essas histórias individuais acabam se entrelaçando em uma narrativa única, que fala sobre amizade e superação.
A história é contada por meio de cinemáticas, diálogos, balões de fala no jogo, HUD interativo e belíssimas cutscenes 2D feitas à mão.
Queremos que o jogo seja acessível para todos: quem quiser focar só na gameplay pode pular todo o conteúdo narrativo sem perder a diversão. Mas quem ama uma boa história terá uma experiência profunda e envolvente. As escolhas de diálogo também afetam a progressão, influenciando o desenvolvimento dos personagens.
E como funciona o sistema de progressão?
Ruben:
Adotamos uma progressão clássica de ARPG, mas adicionamos um sistema único baseado nos laços entre Ghost e cada herói. A força desses relacionamentos é fundamental para avançar na árvore de habilidades.
O jogador pode escolher aprofundar determinados vínculos por meio de diálogos e missões, moldando o crescimento dos personagens de maneira significativa. Cada herói tem sua própria árvore de evolução baseada em relacionamento, com habilidades únicas e melhorias. O sistema permite montar diferentes combinações na equipe, testando construções variadas conforme o estilo de cada jogador.
O jogo terá modo cooperativo?
Ruben:
Não. Como somos um estúdio pequeno desenvolvendo nosso primeiro ARPG, decidimos focar em entregar a melhor experiência solo possível.
A jogabilidade foi pensada para um jogador controlar todo o grupo, alternando entre os heróis, monitorando habilidades, posicionamento e status. Não se trata de controlar personagens isolados, mas sim de gerenciar todo o time para que atuem de forma coordenada.
O próprio Ghost tem um papel muito específico, principalmente nos combates, o que dificultaria adaptar o jogo para um modo cooperativo sem comprometer a experiência original.
E quanto à rejogabilidade? O que os jogadores podem esperar?
Ruben:
Apesar de ser um ARPG focado em narrativa linear, há motivos para revisitar o jogo após zerar.
Os jogadores podem desenvolver vínculos diferentes entre Ghost e os heróis em cada gameplay, desbloqueando habilidades que talvez não tenham acessado antes. Isso permite testar novas builds, composições de time e caminhos. Também há missões secundárias opcionais, itens escondidos e a possibilidade de aumentar a dificuldade para quem busca um desafio extra.
O que você pode nos contar sobre o mundo de Etere?
Ruben:
Etere é um planeta vivo, vibrante, com uma enorme diversidade de biomas, raças e culturas — cada uma com suas tradições, costumes e histórias. Quando nosso roteirista me contou a história completa do planeta — desde sua formação até os eventos do jogo — fiquei impressionado com a profundidade da lore.
O jogo oferece apenas um vislumbre desse universo, mas os traços desse passado estão presentes o tempo todo, seja em uma pintura nas ruínas de um castelo, na arquitetura das cidades ou no comportamento dos NPCs.
O quanto desse mundo os jogadores poderão explorar?
Ruben:
Etere mudou muito ao longo dos séculos. Onde antes havia oceanos, hoje há desertos com cidades erguidas sobre areia. Onde antes floresciam civilizações, agora restam ruínas esquecidas.
Em The Lonesome Guild, os jogadores exploram uma fatia desse mundo no momento em que a história acontece. Mesmo sendo uma parte relativamente pequena, ela é extremamente diversa.
São 19 áreas únicas, cada uma com sua identidade visual, mesmo dentro do mesmo bioma. Os cinco biomas variam bastante — de uma cidade nevada nas montanhas chamadas Sootpipes, até a gigantesca Spiral Tower, no meio do deserto Sahduat. Além disso, existem 6 culturas distintas, cada uma com seu próprio estilo, história e costumes. Isso faz com que os diálogos, os combates e a exploração sejam sempre variados e interessantes.
Haverá variedade de gameplay em relação a tipos de armas?
Ruben:
Sim, mas não no sentido clássico de diferentes tipos de armas. Cada herói tem sua própria arma e um conjunto de ataques básicos, mas a verdadeira variedade vem das habilidades.
Cada personagem pode desbloquear até 4 habilidades e equipar 2 delas ao mesmo tempo, totalizando 24 habilidades diferentes no jogo, o que oferece inúmeras possibilidades de builds.
Além disso, cada herói possui uma habilidade de suporte única, potencializada por Ghost, que beneficia toda a equipe. E, claro, há também o ataque supremo, que é desbloqueado e customizado conforme a composição do time e a evolução na árvore de habilidades.
Com uma equipe ativa de 3 personagens, escolhidos entre os 6 disponíveis, queremos que os jogadores tenham total liberdade para montar seu time e experimentar diferentes estilos de combate. Também há itens consumíveis, equipamentos variados e até itens lendários que introduzem mecânicas especiais.
Existe algum plano para trazer The Lonesome Guild ao Nintendo Switch ou Switch 2?
Ruben:
Conversamos bastante sobre isso, mas, no momento, não há planos. Sabemos que seria uma ótima adição para o Nintendo Switch, mas há desafios técnicos significativos.
Sendo um estúdio pequeno, nossa prioridade é terminar, polir e lançar o jogo para PC, Xbox Series X/S e PlayStation 5 até o outono de 2025. O jogo tem muitos personagens, efeitos visuais complexos e ambientes muito ricos, o que exige bastante do hardware. Fazer um port para o Switch exigiria um esforço enorme de otimização. Mas, quem sabe no futuro!